quinta-feira, setembro 25, 2014

FILHOS DA VIÚVA



Enfim, onde se originou a expressão “FILHOS DA VIÚVA”



É como se autodenominam os maçons. Existem duas explicações para a origem da expressão. *A primeira é relacionada com a lenda de Osíris, mito solar egípcio, decalcada em outras lendas mais antigas, como a do deus agrário Dumuzi, dos sumerianos. Foi Plutarco quem transmitiu, no primeiro século da era cristã, a melhor versão da lenda de Osíris, confirmada, posteriormente, pela tradução dos textos hieroglíficos. A lenda é tipicamente decalcada nos mitos solares, pois, de acordo com ela, Osíris foi assassinado no 17º dia do mês Hator, que marcava o começo do inverno. A lenda, assim, do ponto de visto místico, mostra o Sol (Osíris)> morto pelas forças das trevas (Set), deixando viúva a Ísis, para renascer, posteriormente, completando um novo ciclo, também representado pelas sucessivas mortes e renascimentos dos vegetais, de acordo com a influência solar. Os Maçons, identificando-se com Hórus, são os filhos da viúva Ísis, a mãe-Terra, privada do poder fecundante do Sol (Osíris), pelas forças das trevas

A segunda explicação para a origem da expressão está ligada à lenda de Hiram, largamente baseada na lenda de Osíris e em outros mitos da antiguidade. O artífice fénício Hiram construtor do templo de Jerusalém, segundo a lenda (mas, na realidade, um entalhador de metais, responsável pela confecção das colunas e das bacias necessárias ao culto), era filho de uma viúva da tribo de Neftali.

Os rituais maçónicos referem Hiram Abiff como o 'Filho da Viúva'... na lenda egípcia, o primeiro Horus foi concebido após a morte de seu pai, pelo que a mãe já era viúva mesmo antes da concepção. Parece lógico que, todos os que, daí em diante, se tornaram Horus, os reis do Egipto, se apelidaram de 'Filho da Viúva'" ."A lenda do Mestre Construtor Hiram Abiff é a grande alegoria maçônica. Na realidade, a sua história figurativa é baseada numa personalidade das Sagradas Escrituras, mas os seus antecedentes históricos são de acontecimentos e não da essência; o significado reside na alegoria e não em qualquer facto histórico que possa estar por detrás. Para o construtor iniciado, o nome Hiram Abiff significa Meu Pai, o Espírito Universal, uno em essência, três em aparência.' Ainda que o Mestre assassinado seja o estereotipo do Mártir Cósmico – O Espírito crucificado do Bem, o Deus moribundo – cujo Mistério é celebrado por todo o mundo.
Para outros autores, a Franco-Maçonaria é Viúva desde que Jacques de Molay, grão-mestre dos Templários, foi queimado. A palavra "viúva" vem do latim vidua, e significa propriamente vazio, privado de. A palavra vazio tem o sentido de espaço e não de vácuo. Nessa acepção, a expressão os "Filhos da Viúva" significaria os "Filhos do Espaço" e, como o Espaço é símbolo de Liberdade, os Franco-Maçons seriam igualmente os "Filhos da Liberdade. Mas a "Viúva" é caracterizada por um véu negro e então simboliza as Trevas que, como dissemos acima, são inerentes ao Espaço. Esse é o motivo pelo qual os maçons são ao mesmo tempo os "Filhos da Viúva" e os "Filhos da Luz".

sexta-feira, junho 20, 2014

RECEITA PARA SER DEUS




Da leitura que fiz deste texto, organizado originalmente de maneira diversa da que ora apresento, numa ousadia que me permiti tomar, no sentido de fazer possível o entendimento ao profundo ensinamento apresentado, restou-me demasiado incômodo. Incomodou-me ver até então ausentes de minha vida alguns pontos que entendo como desejáveis à conduta humana.

O pressuposto básico na apreensão de conhecimentos passa obrigatoriamente pela capacidade de metabolizar. Como um organismo vivo que somos, e ai antecipo um princípio deste texto, de que a tudo somos análogos a natureza, devemos rejeitar os excessos e absorver a essência.

A imperfeição a que estamos sujeitos pela falibilidade humana não nos permite realizar esta desejável conduta na plenitude a que se refere e aconselha o autor. O imaginável, e mais vez recorro ao princípio da razoabilidade, é que a prática de tais anti-condutas obedeçam a um critério de mais valia; que possamos, no nosso dia a dia, ao praticá-las, ferirmos o menos possível ao outro, na realização destes desejos subjetivos a que estamos todos condenados. É como se devêssemos dar certo grau de prioridade à estas ditas condutas ao critério pretendido.
Por certo não nos levará o texto, a nenhum de nós, à divindade pretendida pelo tema; é certo, entretanto, que tais ensinamentos, na última das hipóteses, se seguidos, tornarão possível por absoluta razoabilidade, aproximar na medida da permissibilidade divina, Criador e criatura.

Bom proveito !

Pedro Paulo Buchalle.
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RECEITA PARA SER DEUS
Pitágoras
“. . .
Honra primeiramente os deuses imortais, conforme o grau de preeminência, que tem destinado a lei às suas hierarquias.Respeita com igual observância o juramento; depois venera os heróis cheios de bondade e de luz.Rende também a mesma veneração aos gênios ou jinas subterrâneos, dando-lhes o culto, que legitimamente lhes é divido.

Honra com semelhante obsequio a teu pai, e a tua mãe e a teus parentes mais chegados.Entre a multidão dos outros homens, tu, com a tua virtude, faze-te amigo de todo aquele que por ela mais se distingue. Cede sempre às suas brandas advertências e relevantes ações.

E não te ponhas logo, por qualquer leve falta, mal com teu amigo, enquanto puderes, porque o poder mora junto com a necessidade.
Sabe pois que assim te incumbe observar estes preceitos, mas vai contraindo hábitos de vencer as paixões.E primeiro que tudo a da gula, e do sono, também a da concupiscência, e da ira. Nem jamais cometas ação alguma torpe, nem com outrem nem contigo só em particular; e sobretudo peja-te de ti mesmo. 

Em conseqüência disto, assim nas tuas mãos, como nas tuas palavras, costuma-te a praticar a justiça e a não te portares em coisa alguma com imprudência.Mas faze sempre esta reflexão, que decretado está pelo Fado a todos o morrer: é que os bens da fortuna se costumam efetivamente umas vezes adquirir, outras perder. 

No tocante ao grande número de misérias da vida, que os mortais padecem por divina fortuna, já que é força e te caiba delas por sorte alguma parte, sofre-as todas com ânimo resignado e não te mostres impaciente.O que porem te importa fazer é sanear a quebra dessas desventuras, o quanto estiver na tua mão, e nestes termos considera: que o Fado nem por isso permite que sobre as pessoas de bem venha grande tropel destas calamidades. 

Ora ouvem-se fazer entre os homens muitos discursos, uns bons, outros maus por cuja causa nem te acovardes no exercício da virtude, nem te deixes acaso apartar do teu medo de viver; mas se porventura se proferir alguma falsa proposição, arma-te da paciência, usando com todos de brandura. Cumpre à risca em tudo e por tudo com a máxima que te vou já inculcar:Ninguém te arraste, nem por palavra, nem por oba, de modo algum.  

Consulta e delibera sempre antes de obrar, para que não chegues a por em execução algumas ações ineptas e temerárias. Porquanto é de homem eslidamente desgraçado não só obrar se não também falar sem tento, nem consideração. 

Mas tu nada efetuas sem antes coisas algumas tais que ao depois te não sirvam de tormento.E não te metas a fazer coisa alguma das que não sabes; mas aprende tudo quanto cumpre saber e, deste modo, passarás uma vida mui alegre e deleitosa. 

Nem é justo, quanto ao penso do corpo, haver descuido na conservação da saúde dele; mas importa guardar uma justa mediana tanto no beber como no comer e nos exercícios.Dou pois o nome de mediana a tudo aquilo que te não causar moléstia nem aflição.Costuma-te, por isso, a ter um tratamento asseado sim e decente, mas sem delicadeza nem luxo. E guarda-te muito de fazer qualquer daquelas ações que trazem consigo a repreensão e vitupério de todos os homens.

Não faças gastos fora do tempo, como quem esta muito alheio ao decoro, nem tão pouco sejas mesquinho, pois por onde a mediania em todas as coisas é ótima.Assim que fazem só aquelas coisas que te não prejudicarem e considera as bem, antes de as pores em obra. 

Nem dês entrada ao sono em teus lânguidos e cansados olhos se não depois que examinares a consciência, discorrendo por cada uma das ações daquele dia: em que matéria transgredi ? E que fiz eu ? Que obrigação indispensável deixou de ser por mim cumprida ?  E começando desde a primeira, continua com o exame até a ultima de tuas ações; e depois, no caso que tenhas obrado mal, repreende-te e, se bem, regozija-te; nestas coisas trabalha, nestas medita, nestas convém que empregues o teu amor. 

Todas elas te sublimarão a dirigir teus passos pelos vestígios da virtude divina.Sim, eu to afirmo e juro por aquele que deu à nossa alma o conhecimento do Quaternário, fonte de sucessiva natureza. Mas põe só mãos a esta grande obra depois de teres pedido aos deuses que te ajudem a levar ao fim o que vás empreender, tendo-te já prevenido e corroborado com estes requisitos : conhecerás tanto dos deuses imortais, como dos homens mortais as hierarquias até onde não só cada um dos mencionados entes se estende, mas ainda até onde se limita.

Conhecerás também, segundo a Lei de Deus supremo, ser em tudo análoga a Natureza, de maneira que nem tu viras a conceber esperança do que não é para esperar, nem para ti será incógnita coisa alguma deste mundo. 

Conhecerás igualmente que os homens padecem os males, a que estão sujeitos, por sua própria escolha. Desgraçados homens, que não reparam nos bens que têm à mão, nem ouvidos lhe querem dar; e assim poucos chegam a saber livrarem-se dos seus males. 

Tal é a sorte que cega os entendimentos dos mortais, que por isso eles, à maneira de cilindros, rodam de uns para outros vícios, padecendo calamidades sem fim. Porquanto aquele pernicioso combate, que a todos acompanha e com todos nasce, é o mesmo que, sem eles por isso atentarem, os traz enfatuados e perdidos. 

Combate que não convém atiçar, mas sim cada um fugir dele cedendo à razão.De quantos males por certo livrarias, ò Júpiter, Pai Soberano, a todos os homens no caso que a todos fizessem conhecer de que demônio eles se servem! 

Tu porem cobra grande animo, visto ser divina a prosápia dos mortais a quem a sagrada Natureza, infundindo-lhe, manifesta cada uma das coisas respectivas ao próprio conhecimento das quais se de modo algum te achas participante, chegaras a conseguir o pretendido fim das máximas que te prescrevo : depois de teres curado a indisposição das paixões, livraras a tua alma de todos os trabalhos e moléstias.  

Mas abstém-te dos manjares que nós temos proibido, tanto nas purificações, como no livramento d’alma, discernindo entre uns e outros; e pondera bem cada um destes preceitos, constituindo a razão mais adequada por cocheiro para ter de parte superior as rédeas da carreira de tua vida.

E se depois de te veres já despojado do corpo, chegares à pura região do etéreo assento, será um Deus imortal, incorruptível e nunca mais sujeito, daí por diante, à jurisdição da morte.

A VERDADE REAL





Não é possível falar da história da maçonaria sem falar da história do homem, de sua evolução natural e espiritual, de sua necessidade de um Deus compatível com seus anseios investigativos e da sua constante busca pela verdade  -  da sua verdade.

Daí não ser razoável, entendo, neste momento e oportunidade falar da história da maçonaria em sentido “strictu”. Deixa-se isto para os historiadores, que sobram em número e premissas, que a datem e cronologicamente a coloquem no espaço e tempo, discutam sua paternidade e seus heróis, que de fato existem.

O homem, ainda nas cavernas, descobriu a necessidade de dispor de seres superiores em auxílio no seu cotidiano, para fazer frente aos inimigos naturais que lhe ceifavam a vida. Frágil, estava na base da cadeia alimentar e era a vítima perfeita para todos os predadores, de menor ou maior grau de letalidade.

Cansado das catástrofes naturais, deixou a vida nômade de seguir manadas de caça e as estações das frutas, estabeleceu-se nas cavernas, criou a agricultura e domesticou o animais para sua alimentação.

Frustrado de tantos deuses, um para cada situação que lhe afligia, depois de milhares de anos passados, concebe a divindade num Deus único: Eis que nasce, pelas mãos dos homens as religiões, e com elas o monoteísmo.

Ocorre que pelas mesmas mãos que nasce o culto a um Deus de bondade, nasce também, na contramão deste mesmo princípio, o poder discricionário quando estado e religião se juntam para coibir o conhecimento, o livre pensar e a liberdade daqueles que se opunham a estas barbáries. E à simples manifestação de um ideia, como acreditar que a terra é redonda, resta a estes investigadores da verdade a guilhotina, a fogueira, o esquartejamento.

Concluem, então, aqueles providos do pensar, que não conseguiriam, pela linguagem das religiões criadas pelos homens, manter acesa a chama divina em suas vidas: Nasce a filosofia, mas que em si mesma não se bastava, pois ausente estava o Criador, permanecendo tão somente a razão, sem par, sozinha no mundo das ideias.

Outros homens, entretanto, em minoria ainda mais acentuada, concluíram - criada a filosofia - que tão somente a razão filosófica não preenchia o vazio milenar de sua existência; era preciso agregar a Razão Filosófica um Deus de Liberdade e Justiça: Eis que nasce a Maçonaria, uma instituição que se confunde em regra geral com a própria idade do homem, pois, desde sempre houve um espírito maçônico em gestação na mente humana, dada a liberdade natural que o impulsiona,  mesmo que a instituição ainda não existisse na forma que em breve se apresentaria.

Para tal, para que ninguém fosse afastado de seu seio, não importando a religião que seguisse, constitui-se um nome, concebido como o GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO, para que nesta linguagem, todos os iniciados, nominassem este Ser superior que os criou a todos, à sua Imagem e Semelhança, sem linhas limítrofes territoriais e conceituais: nasce uma instituição universal, disposta livremente por todo o Planeta Terra.

Agregado está, pois, em seu meio, todos os credos e todas as cores dos homens, sem distinção, tendo como único e exclusivo objetivo a construção de um homem melhor, espiritualmente em paz e sem perder o domínio da razão, pois encontrado estava o meio termo que torna as torna compatíveis.

Elege-se, então, pela necessidade do aprimoramento do espírito, uma Escola Filosófica,  num conteúdo programático de 33 graus, desde a iniciação no grau 1. Esta escola, entretanto, diferentemente das outras correntes didáticas, sempre deixa, lado a lado, ombro a ombro, de mãos dadas, Deus e a Razão.

Mais recentemente, no tempo histórico, no sentido de validar a principal premissa de liberdade sem exclusões, outros segmentos voltados para o mesmo fim são concebidos, entre estes :
- As Damas da Fraternidade – Esposas de Maçons, com suas atividades de filantropia;
- A Ordem Demolay – Que agrega meninos e rapazes até 21 anos, preparando-os como cidadãos de bem, dentro da filosofia maçônica, e para uma maçonaria futura, independente de serem ou não filhos de Maçons;
- A Ordem Arco Íris para Meninas – Que agrega meninas até os 21 anos para serem semeadoras dos princípios fundamentais da maçonaria no seio de suas famílias e para a sociedade;

Passado o obscurantismo que marcou a idade média, mesmo tendo acabada a perseguição formal aos LIVRES PENSADORES, outras são as batalhas: e vieram o fascismo, o nazismo, a escravatura nas suas diversas, antigas e presentes formas, os governos totalitários – presentes até hoje - enfim, todas estas formas escabrosas de cerceamento da liberdade humana, lamentavelmente, ainda presentes no mundo do século 21, são, e continuarão sendo, para a maçonaria, o objetivo fim de luta para seu absoluto extermínio.

Este é o meu conceito de maçonaria. Não poderia ser diferente, em face da liberdade de pensar a que estamos constitucionalmente sujeitos, neste diuturno tecer de conceitos e de investigação da verdade que nos satisfaça, que nos faça bastar-se, que nos permita o repouso de nossas consciências.

Tal é a busca do homem por uma PAZ ESPIRITUAL que o sossegue; tal é a necessidade de harmonizar em seu peito todas as angústias de sua milenar existência, que peço permissão para incorporar as minhas palavras a poesia de um Maçom, já há muito no Oriente Eterno, pois como ninguém, neste poema, diz tão bem da angústia que nos representa a todos:

Não és bom, nem és mau: és triste e humano...
Vives ansiando, em maldições e preces,
Como se a arder no coração tivesses
O tumulto e o clamor de um largo oceano.
Pobre, no bem como no mal padeces;
E rolando num vórtice insano,
Oscilas entre a crença e o desengano,
Entre esperanças e desinteresses.
Capaz de horrores e de ações sublimes,
Não ficas com as virtudes satisfeito,
Nem te arrependes, infeliz, dos crimes:
E no perpétuo ideal que te devora,
Residem juntamente no teu peito
Um demônio que ruge e um deus que chora.



quinta-feira, abril 21, 2011

A Páscoa e o Julgamento Humano


Desde os mais remotos tempos a fidalguia é objeto de desejos da plebe. 

Estudos feitos entre os aborígines australianos, mais antigo povo do planeta, confirmam isto. Não que sejam fidalgos os petistas entronados ou os plebeus governados, tupiniquins. Não porque sejam senhores e súditos, ricos ou pobres, mas por estarem em lados opostos no poder e serem homens, imperfeitos e falhos, e que por conceito há muito difundido assim o são por querer do Criador, o que conflita com a mesma doutrina da imagem e semelhança Deste. Mais isto é coisa pra teólogos, distante pois de nossa discussão.

Ocorre-me lembrar que nunca, em nenhum momento da história, governante algum, com ou sem origem operária deixou de ser massacrado por seus pares anteriores. Aliás, estenda à lista dos governantes todos àqueles que presidem, lideram, gerenciam ou comandam. Vá por aí à fora. Viaje na imaginação e leve junto a estes desde os presidentes de grêmios escolares, do apostolado e das filhas de Maria, da seleção brasileira e do pé rapado futebol clube e mesmo assim não acabará a infindável lista de desafetos do poder.

Freud explica. É tudo uma questão de desejo que ao se realizar sucumbe a um novo desejo. “Insites” de poder.

Foi e será sempre assim. 

Que o diga Jesus Cristo, o Salvador dos homens, parte trina do Divino, que foi acusado sem o devido processo legal, julgado sem direito a defesa e condenado sem apelação e sem direito ao trânsito em julgado da sentença condenatória. Tudo isto com o apoio irrestrito daqueles que dias antes o fizeram desfilar em "jumento aberto" nas ruas sem saneamento básico da imortal Jerusalém, sob o farfalhar das folhas de palmeiras, até hoje benzidas nos domingos dos mesmos ramos, como se para perpetuar o conceito imoral de justiça dos homens.

Há dois mil e três anos uma semana santa lhe é concedia em homenagem a estas lembranças de injustiças tamanhas,  para que possamos reviver aquele julgamento ilícito, sob lutos, quaresmas e jejuns para poucos e férias para farras antecipadas de muitos. Enquanto isto, nas ruas dos Brasis e Jerusaléns da vida, milhões de Cristos, destes alguns ainda imberbes e pueris, quedam-se flagelados pela fome, desemprego, guerras, entre outras tantas injustiças sociais flagrantes, numa substituição tecnológica das cruzes, lanças e espinhos que flagelaram o Criador.

Nada há de mais satisfatório para o homem que ao eleger um dos seus, não importa a que nível, mesmo nos estágios paroquianos, para depois despojá-lo das vestes, trucidá-lo em praça pública e fugirem às pressas para a obscuridade de seus guetos.  Negam, executada a sentença,  mil vezes, com ou sem galo cantando, nunca terem visto o rebelde sem causa há pouco condenado. Depois voltam, consternados para afixar na lápide do trucidado: Eis o Rei dos Judeus, o Presidente do Povo ou o Soldado Desconhecido.

Nesta luta já tivemos de um lado, no passado,  Sarney, Itamar e Fernando, Lulas e Dilma no presente e anônimos que ainda virão, não importa, do outro lado estaremos sempre nós, perenes. Eternamente inquisidores a queimar na fogueira nossos iguais e junto com eles nossas vaidades.

Pedro Paulo Buchalle – Advogado e Hoteleiro