Caro Jornalista,
Sou um caboclo amazônida, nem mais nem menos entre tantos de formação étnica comprometida pela dolência de nossos ancestrais nativos, de índios (escravos) africanos, portugueses escravocratas e espanhóis ladrões. Nem mais, nem menos. A mim ainda foi agregado sangue turco – não sei se isto atenua ou agrava a minha sucessão genética.
O rugir de suas palavras representam todas as nossas outras contidas pela falta de espaço que você dispõe e dizem plenamente da nossa indignação. Para seu pezar e contentamento dos canalhas referenciados, infelizmente, nada significam. Mero discurso perdido entre tantos outros de igual valor e qualidade. Como no velho adágio, “os cães ladram e a carruagem passa”. Em nosso caso com uma mudança significativa: “os cães ladram, a carruagem para, joga algumas migalhas e passa”. Alguns cães, como nós, que vociferamos mais veementemente, aproveitam-se da breve parada para irrigar-lhes as rodas com nossa desprezível urina e com isto vangloriamos-nos garbosamente do feito.
Quão inútil somos!
Eis a democracia, meu caro jornalista: meu bem, meu mal. Ei-la, poderosa, na plenitude de seus mais profundos fundamentos, onde a maioria, no pleno exercício de seus direitos políticos elege seus governantes. O que não ficou claro na “criação de tal projeto”, a democracia, pelos nossos gregos de plantão à época deste antecipado iluminismo, é se no caso de tamanha e desqualificada maioria (nosso caso) , seriam os mesmos os princípios a serem seguidos. Hoje, distantes do princípio criador, na América do Sul, do lado de baixo do equador, no Brasil (quanta seqüência de azares demográficos), aquilo que deveria ser a mais perfeita manifestação de governabilidade transforma-se em cruel constatação de injustiças no desfilar diuturno dos escândalos palacianos.
Parece-me que a Revolução Francesa tem algo a nos ensinar. Mas onde estão Robespierre e Rousseau ? Quem vai nos defender deste real “massacre do Campo de Marte” a que estamos sendo conduzidos por esta sintonizada orquestra de nossos “Luiz XVI” ???? Não os vejo.
Eis, meu caro jornalista, a perpetuação da miséria humana, pela via do voto.
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