Náufragos
Parte - disse a flor em prantos -
Solta tuas as amarras,
Iça tuas velas,
Não volte jamais.
E fez parar o tempo
E no seu ventre enfermo
Fez parir o vento.
E assim o viu partir errante
Buscando outro cais.
E ela enxertou-se num buquê de sonhos,
Se juntou as rosas
E amaldiçoou em ais:
- Vais voltar um dia de velas caídas.
Quando tua quilha encalhar na areia,
Teu velame em teias
Tombará roto neste mesmo cais.
Casco fissurado a ranger desolado,
Na Praça D’armas, desgovernado,
Teu leme sem norte sozinho a girar.
Já não há mais tempo
Pros mares errantes.
Um navio fantasma, sem sonhos, sem mar.
Um comentário:
O mar não se nega ao mundo, nem ao náufrago.
Parabéns pelos lindos versos.
Abraço
Postar um comentário