domingo, fevereiro 27, 2011

Desalento

Desalento

Saudade que hoje afaga e que seduz
Minh’alma tonta  a navegar sem luz
Seguindo o rastro do teu coração.
Não sei, mas tua distância me deixou em ais
No véu da noite  temo que
Madrugas d’antes não voltem jamais.

Quiçá, não seja hoje o que será depois
Que possa haver amanhã pra nós dois;
Que a vida não cobre aluguel.
Fugi, pensei que a vida terminara ali
Entre os soluços que ficaram aqui
Dentro do peito a tremular em vão.

No entanto a vida não seguiu assim
Pois pouco a pouco o que restou de mim
Pôs-se de pé, recomeçou o andar.
Então o que era triste passou a sorrir
O que era longe ficou bem aqui
E a tristeza deixou de ser imortal.

Fechada, a porta faz da fresta a luz
Demoram os olhos a enxergar a cruz
Que o corpo sangra no seu carregar.
E assim, sempre que vida caminha sem par,
A cura demora a chegar
Mas não sangra depois.

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